30 de abril estreia, no canal pago Starz, a série “American Gods” [Deuses Americanos]. No resto do mundo, incluindo o Brasil, estará disponível no dia seguinte pela plataforma Amazon Prime Video.
Desde que foi anunciada, já provoca amplo debate sobre o sentido moderno da idolatria. A trama, baseada no livro do premiado autor de História em Quadrinhos para adultos Neil Gaiman. Nela, os deuses antigos enfrentam o dilema de serem substituídos pelos “novos deuses”, que lutam pelo domínio da sociedade.
Num primeiro momento o centro da trama será a relação do deus nórdico Odin, que se autointitula Sr. Quarta-Feira (Ian McShane), uma vez que nos calendários antigos este dia era dedicado a ele. Esse deus encarnado contrata como segurança Shadow Moon (Ricky Whittle), um estelionatário que acaba de sair da cadeia. Aparentemente, o medo da irrelevância é que causa a ira dos deuses antigos (orientais e europeus), que declaram guerra aos novos deuses (americanos).
Por outro lado, as novas divindades como Mídia (Gillian Anderson), Garoto Tecnológico (Bruce Langley) e o Sr. Mundo (Crispin Glover), encarnam a obsessão contemporânea pela tecnologia, as celebridades, o dinheiro e a cultura pop.
No mundo de American Gods, uma parábola da modernidade, se você passa tempo demais com seu smartphone ou um programa de TV, concede a eles poder e força. Isso é o que alimenta os novos deuses, que estão em busca de ‘adoradores’. Parece especialmente relevante numa época onde os europeus estão voltando a adorar deuses nórdicos como Odin e Thor.
O roteirista Michael Green, do filme Logan, parece acostumado com a dinâmica dos sucessos de Hollywood e empresta ao seriado uma boa dose de sexo e violência, ao estilo Game of Thrones. Em uma das cenas, por exemplo, a misteriosa deusa Bilquis (Yetide Badaki) pede a um homem que a “adore” durante a relação sexual, quando ele concorda, ela o devora.
Criada e desenvolvida por Bryan Fuller (Hannibal, Pushing Daisies) e Michael Green (Heroes), Deuses Americanos terá produção-executiva de Gaiman, que disse estar satisfeito com a adaptação televisiva.
Ainda que American Gods não critique claramente o cristianismo, religião predominante no continente americano, pelo menos um dos capítulos mostrará Jesus Cristo (Jeremy Davies) e uma versão latina, chamado de Jesus Mexicano (Ernesto Reyes), que seria o Jesus católico, em cena.
Segundo a revista evangélica Christianity Today, apesar do excesso de violência e cenas de sexo que poderão desagradar os cristãos, American Gods oferece uma boa reflexão sobre a ideia de adoração e idolatria, que fogem das ideias convencionais de estátuas e imagens, preferindo abordar aspectos mais subjetivos da sacralização de meios que “transmitem imagens”.
Ela serviria para mostrar como essa idolatria domina o mundo atual de maneira bem mais ampla que gostaríamos de admitir.
Os aspectos teológicos dos escritos de Neil Gaiman são conhecidos. Na história em quadrinho Sandman, que o alçou à fama, Satanás era um personagem importante.
Seu livro “Good Omens” [Boas Maldições] fala sobre anjos e demônios se unindo para evitar o Apocalipse logo após o nascimento do Anticristo. Com seu nome em ascensão em Hollywood, esse romance escrito por Gailman e Terry Pratchett também ganhará versão televisiva.
O serviço da Amazon Prime, que tenta fazer sombra à Netflix, já está produzindo a série, que irá ao ar no início do ano que vem.
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